A primeira Trienal de Luanda chega este sábado ao fim com um espectáculo de Paulo Flores, um convite para a Bienal de Veneza deste ano e a emergência de um «novo público», garantiu o director, Fernando Alvim.
«Não só criou um público, como fez emergir alguns coleccionadores e fez emergir artistas que já existiam mas que não encontravam plataformas para mostrar os seus projectos», explicou em entrevista à Agência Lusa.
Em menos de três anos, a Trienal colocou de pé 128 projectos, restaurou quase três mil metros quadrados de espaços devolutos e mostrou em Luanda quase 1.200 obras de arte contemporânea. Tudo isto numa cidade onde não existem praticamente infra-estruturas culturais, nem um público definido para este género de iniciativas.
«O público existia, o que não existiam era os mecanismos para dialogar com este público», desmentiu Fernando Alvim, adiantando que a Trienal vai fechar portas depois de conseguir atrair 110 mil a 115 mil espectadores, entre os quais 40 mil crianças das escolas da capital angolana que visitaram todos os projectos apresentados.
«A média de idades de frequência da Trienal é de 22 a 24 anos, o que é uma média certa porque 70% da população do país tem menos de 26 anos», esclareceu, sublinhando que «não existiam objectivos muito específicos, sobretudo achávamos que tínhamos de criar um movimento cultural para poder legitimar a Trienal de Luanda».
Permitir o acesso das pessoas à arte, «criar hábitos, sem imposição, sem juízos de valor», foi a grande ideia por trás de uma Trienal que, apesar de ter custado quase três milhões de dólares (2,25 milhões de euros), impôs a política de não cobrar entradas para qualquer das suas iniciativas.
Todo o dinheiro para a Trienal e os 700 mil dólares em que está orçamentada a presença na Bienal de Veneza de 2007 com um pavilhão africano, a primeira vez na história do maior evento de arte contemporânea na Europa, vieram todos de bolsos privados.
Apesar de haver empresas privadas angolanas a patrocinar o projecto, Fernando Alvim (com 680 mil dólares) e Sindika Dokolo (com mais de 900 mil dólares) contribuíram com mais de metade do orçamento. «Esta é uma trienal de autor, uma trienal de uma fundação privada, a fundação Sindika Dokolo», explicou Fernando Alvim.
Diário Digital / Lusa 31-03-2007 10:45:25
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