sexta-feira, 19 de janeiro de 2007
Regresso de «Nino» desvia atenções do essencial para acessório
Regresso de «Nino» desvia atenções do essencial para acessórioA assumida vontade do ex-presidente guineense João Bernardo "Nino" Vieira de regressar à Guiné-Bissau "pode desviar o centro das atenções do essencial para o acessório", disse hoje à Agência Lusa Hélder Vaz, da Plataforma Unida (PU, oposição). Hélder Vaz, candidato a primeiro ministro pela coligação PU entende que "o problema da Guiné-Bissau é hoje Kumba Ialá - actual presidente da República - e não João Bernardo Vieira". "O país atravessa uma profunda crise económica, social e política, com as eleições em bolandas, sem que se saiba a data da sua realização e, por isso, não pode desviar as atenções do fundamental para uma questão que, sendo relevante, deve ter o seu tempo", adiantou. Vaz defende, todavia, que "depois de cinco ano no exílio - em Portugal, para onde foi depois da guerra de 07 de Julho de 1998/99 - o antigo presidente pode desejar regressar com legitimidade e para ser julgado". "Até porque o país tem necessidade de exorcizar todos os seus fantasmas, incluindo o fantasma `Nino´ Vieira, mas, neste momento, é essencial repor o debate no que é mais importante para a Guiné- Bissau", sublinhou, adiantando que, "mais tarde, será preciso encontrar uma solução para o regresso" de Nino.
Em contrapartida, Idrissa Djaló, do Partido de Unidade Nacional (PUN, oposição), entende que "este é o momento ideal para discutir o problema" do regresso de "Nino" Vieira, porque "julgar este homem significa julgar todo um regime e isso pode ser fundamental para a discussão política eleitoral". "Nino" Vieira governou a Guiné-Bissau em regime de partido único desde o golpe de Estado de 1980, depois de derrubar Luís Cabral, até 1994, tendo ganho as primeiras eleições "livres" realizadas no país. Foi derrubado em 1999, depois de um conflito de 11 meses, iniciado a 07 de Junho de 1998. "É bem vindo para ser julgado no seu país, porque o governo tem a obrigação de criar condições para a aplicação da justiça com rigor a todos os cidadãos sem excepção. Enquanto problema pendente, já deveria estar resolvido há muito tempo e em nada colide com o essencial em discussão no âmbito das eleições que se avizinham", disse Idrissa Djaló. O eventual regresso do ex-presidente guineense está, entretanto, no centro das atenções do país político, com muitos populares a apoiarem inequivocamente a vinda de "Nino".. Depois da entrevista concedida à estação portuguesa Rádio Renascença e retransmitida em Bissau pela RDP-África, "Nino" Vieira saltou do "esquecimento" para a boca do povo com consequências, em ambiente eleitoral, ainda dificilmente mensuráveis.
Fonte: Agência Lusa
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