JOANESBURGO, 14 de Novembro de 2007 – Parece que muitas economias africanas deram a volta e que poderão mesmo estar na via de um crescimento mais rápido e seguro, o que é necessário para reduzir os altos níveis de pobreza, de acordo com a publicação “Indicadores do Desenvolvimento da África de 2007” do Banco Mundial (IDA), aqui divulgada hoje.
O desempenho económico sólido na década de 1995-2005 em toda a África contrasta fortemente com o colapso económico de 1975-1985 e com a estagnação que o continente viveu em 1985-95. Os IDA afirmam que se pode continuar a espalhar e manter o crescimento, acelerando a produtividade e aumentando o investimento privado. Para isso será necessário melhorar a conjuntura e a infra-estrutura empresarial nos países africanos, assim como encorajar a inovação e aumentar as capacidades das instituições.
Em 2005 [o último ano para o qual os indicadores (IDA) registam dados], o desempenho variou consideravelmente através dos países, passando de -2,2% no Zimbabué para 30,8% na Guiné Equatorial, e tendo nove países reportado taxas de crescimento próximas ou superiores ao limiar de 7% necessário para uma redução continuada da pobreza.
Os países africanos inserem-se neste contínuo em três amplas categorias. O primeiro grupo de sete países, onde vivem 27,7% da população da região, compreende as sete principais economias exportadoras de petróleo da região. O segundo grupo de 18 países (35,6% da população da região) exibe um crescimento diversificado e sustentado de pelo menos 4%. E o terceiro grupo de 17 países (onde vivem 36,7% da população da região) caracteriza-se pela escassez de recursos, grande instabilidade, predisposição para conflitos, por países que foram afectados ou saíram recentemente de conflitos, ou simplesmente que se encontram apanhados num crescimento lento inferior a 4%.
“Uma maior integração à economia mundial, especialmente através do comércio para exportação, são características comuns a todos os países africanos que registaram um crescimento continuado. Estas características, de acordo com os IDA, explicam em grande medida os níveis agregados de eficiência e os volumes de investimento – comparáveis com os da Índia e do Vietname – registados por esses países ” acrescentou Ezekwesili, indicando que os investimentos na África, em termos globais, tiveram um aumento de 16,8% do PIB para 19,5% do PIB entre 2000 e 2006.
Nesses países, constatam os IDA de 2007, as políticas foram melhores graças às reformas aplicadas na última década, e a inflação, os défices orçamentais, as taxas de câmbio e os reembolsos da dívida são mais comportáveis; as economias são mais abertas ao comércio e às empresas privadas; a governação está a melhorar, tendo havido uma luta mais intensa contra a corrupção . Estes aspectos económicos melhores e fundamentais ajudaram a fomentar o crescimento, mas são igualmente importantes para evitar o colapso do crescimento que teve lugar entre 1975 e 1995.
Os IDA de 2007 advertem que o crescimento da África é mais instável do que em qualquer outra região do mundo. Esta instabilidade, segundo este documento, moderou as expectativas e os investimentos.
“Os IDA de 2007 constataram que evitar o forte declínio do crescimento do PIB era essencial para a recuperação económica da África. Na verdade, era crucial para os pobres que sofreram tanto durante o declínio”, explicou John Page, Economista Principal do Banco Mundial para a Região da África. “Evitar a queda do crescimento é fundamental para progredir mais rapidamente no sentido de a África alcançar os OMD”.
O relatório identifica o crescimento das exportações mais forte e mais diverso como sendo o principal factor necessário para manter o crescimento e reduzir a instabilidade. O estudo lamenta os elevados custos indirectos de exportar na África (entre 18% e 35% dos custos totais), comparado com os custos indirectos na China – meramente 8% dos custos totais. Em consequência, se bem que as empresas africanas eficientes possam competir com as firmas indianas e chinesas em termos de custos de fabricação, elas são menos competitivas devido a custos indirectos de negócios mais elevados, o que inclui as infra-estruturas identificadas nos IDA de 2007 como sendo “um constrangimento emergente para o crescimento futuro”.
A África Subsariana está pelo menos 20 pontos percentuais atrás da média dos países pobres em desenvolvimento que também são financiados no âmbito dos empréstimos concessionais do Banco Mundial (pela AID) em quase todas as medidas de infra-estruturas – fazendo subir os custos de produção, o que é um impedimento maior para os investidores. As necessidades não satisfeitas da África em matéria de infra-estruturas são calculadas num montante total de aproximadamente USD 22 biliões anuais (5% do PIB), mais outros USD 17 biliões para as operações e a manutenção.
Apesar dos efeitos negativos das infra-estruturas deficientes, 38 países africanos aumentaram as suas exportações porque a região, como um todo, viu o valor das suas exportações elevar-se de USD 182 biliões em 2004 para USD 230 biliões em 2005. As exportações foram impulsionadas por grupos crescentes de exportações não tradicionais (tais como o vestuário do Lesoto, de Madagáscar e das ilhas Maurícias); a ligação bem sucedida entre os agricultores e os compradores (tal como no caso da iniciativa que aumentou as exportações de café do Ruanda para os EUA em 166% em 2005); e a ampliação dinâmica das exportações bem sucedidas (tais como as flores frescas, cujas exportações do Quénia mais do que duplicaram entre 2000 e 2005, o que fez com que as flores frescas sejam agora o segundo produto depois do chá a produzir mais ganhos de exportação.
Aproveitando a Base de Dados do Banco Mundial, esta publicação inclui uma edição de bolso, o Pequeno Livro de Dados sobre a África, os Indicadores do Desenvolvimento da África de 2007 – em CD-ROM, e o novo membro da família do IDA, Indicadores do Desenvolvimento da África Online. O Online contem a base de dados mais abrangente sobre a África, abarcando mais de 1.000 indicadores sobre a economia, o desenvolvimento dos recursos humanos, o desenvolvimento do sector privado, a governação, o ambiente e as ajudas, remontando a série de tempo de muitos indicadores a 1965. Estes indicadores foram reunidos a partir de várias fontes para apresentarem uma imagem ampla do desenvolvimento em toda a África. A edição IDA Online oferece o ensaio sobre os IDA, o Pequeno Livro de Dados sobre a África de 2007, quadros, ferramentas de mapas, quadros técnicos e análises dos países no formato de “País Num Relance” (Country at-a-Glance tables).